quarta-feira, 24 de junho de 2009

TANTO AMOR

Aperta as pernas com força,
para que o filho não lhe caia.


Mas depressa o sonho se esvai
mar vermelho,
águas soltas,
tempo de espera
num pedaço de ilusão.

Sonho-te cada vez
que te pressinto.
E acredito sempre que é agora.

Por isso deixei crescer o meu cabelo para que brincasses com ele.
Por isso, disse a alguns amigos que estava cheia de ti.

Cheia de vida
nova,
palpitante,
repleta de amor.

Tanto amor que tenho para te dar

Por isso, não me incomodaram
as dores
do peito a crescer,
os enjoos e as tonturas,
a incerteza
do instante seguinte.

Tenho (há tanto tempo) guardado para ti
em segredo,
um nome
que sei ser o teu.

E de tantas vezes que te aguardo,
sem te saber esperar,
nasce em mim uma luz
brilho de olhos
coração
aberto,
assim o meu colo,
ainda e já
vazio
de
ti.

O meu corpo envelhece,
a esperança esmorece,
a natureza vence.

E eu aqui,
embalando-te ao som de uma canção,
imaginando-te a cor dos olhos
e o tom
do teu riso,
fazendo caracóis com os teus cabelos
em desalinho,
apertando-te contra o peito,
para que continues a crescer dentro de mim
e
não te desfaças em
rios de sangue,
pedaços de nada.

Amo-te em cada menino de rua.

Tanto amor que tenho para te dar

E então,
num gesto de quase tudo,
recosto-me na cadeira de baloiço
em que te iria amamentar,
sorrio à musica,
fecho os olhos,
fixo o teu rosto ainda por definir
e
despeço-me
de
ti.

E uma lágrima vem, lentamente, pousar-me no olhar.
BJS DA CRIS

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